Probióticos para quem tem SIBO:

ajudam ou atrapalham?

Probióticos para quem tem SIBO: ajudam ou atrapalham?

Probióticos ajudam ou atrapalham no SIBO? Entenda os riscos do uso sem indicação, os tipos mais estudados e quando realmente podem ser indicados.

SIBO

Dalila Leite

6/5/20253 min read

Probióticos na SIBO: aliados ou inimigos?

O uso de probióticos no contexto da SIBO é um tema que gera dúvidas — e, com razão. Enquanto em outras condições intestinais eles são recomendados com segurança, no supercrescimento bacteriano do intestino delgado, o efeito pode ser diferente. O que determina se um probiótico vai ajudar ou piorar os sintomas não é apenas a sua qualidade, mas o tipo de SIBO, o momento da intervenção e o perfil do paciente.

Muitos pacientes relatam piora de sintomas como inchaço, gases ou constipação ao introduzirem probióticos sem orientação. Isso acontece porque parte das cepas comumente utilizadas — especialmente as baseadas em Lactobacillus e Bifidobacteriumpodem fermentar demais em um ambiente já sobrecarregado.

E é aí que mora o risco: um bom probiótico no momento errado pode ser desastroso.
Falhas nesses mecanismos — como hipocloridria, alterações motilidade ou cirurgias — favorecem a SIBO.

O que diz a ciência?

Uma revisão sistemática publicada em 2020 na Journal of Clinical Gastroenterology avaliou 18 estudos clínicos sobre o uso de probióticos em pacientes com SIBO. O resultado foi animador: alguns protocolos mostraram melhora dos sintomas e redução da positividade no teste respiratório. No entanto, os dados foram heterogêneos e os autores alertaram: ainda é cedo para indicar cepas específicas como padrão terapêutico seguro.

📚 Zhong, C. et al. (2020). The Role of Probiotics in Small Intestinal Bacterial Overgrowth: A Systematic Review. J Clin Gastroenterol, 54(4), 293–302.

Outro ponto relevante é a relação entre tipos de SIBO e resposta ao uso de cepas. Pacientes com produção predominante de metano — hoje reconhecida como uma manifestação distinta chamada IMO (Intestinal Methanogen Overgrowth) — tendem a piorar com probióticos fermentativos. Isso porque as arqueias metanogênicas se alimentam de hidrogênio produzido por bactérias probióticas, intensificando a produção de gás metano e piorando a constipação.

📚 Pimentel, M. et al. (2020). Methane, a gas produced by enteric archaea, slows intestinal transit and promotes constipation. Neurogastroenterol Motil, 32(4), e13796.

Existe um “melhor” probiótico para SIBO?

A resposta curta é: não existe um probiótico ideal para todos os casos de SIBO. A escolha deve ser feita com base no tipo de SIBO, nas características clínicas e na fase do tratamento em que o paciente se encontra.

No entanto, algumas abordagens têm se mostrado mais seguras:

  • Esporulados (Bacillus coagulans, Bacillus subtilis): demonstram melhor tolerância por não fermentarem ativamente no intestino delgado.

  • Saccharomyces boulardii: levedura probiótica que não produz gás hidrogênio, podendo ser útil em fases posteriores ao tratamento antibiótico.

  • Cepas com modulação imune: como Lactobacillus plantarum 299v, em pacientes com sintomas inflamatórios, podem ter lugar — mas com cautela.

📚 Tomasello, G. et al. (2011). Clinical use of probiotics in the treatment of small intestinal bacterial overgrowth: a systematic review. Digestive Diseases, 29(6), 518–525.

Quando usar? E quando evitar?

O uso de probióticos no SIBO é mais seguro quando:

  • O paciente já passou pela fase de controle da fermentação bacteriana (ex: após o uso de antibióticos ou antimicrobianos naturais);

  • Os sintomas estão relativamente estabilizados;

  • Há planejamento de reintrodução alimentar e reconstrução da microbiota;

  • Há necessidade de apoio imunológico ou redução de colonização fúngica pós-antibiótico.

Deve-se evitar probióticos quando:

  • O paciente está com sintomas intensos e ativos;

  • Há presença de SIBO metano (IMO) com constipação acentuada;

  • Está sendo feito uso sem avaliação clínica prévia ou por “indicação da internet”.

Como integrar os probióticos com segurança no plano alimentar?

O segredo está no timing terapêutico. Ao longo do meu protocolo 4D, os probióticos só são introduzidos na etapa de reconstrução e sustentação, após avaliar o tipo de fermentação, os sintomas predominantes e a tolerância alimentar. Nunca são prescritos logo no início do processo — o que evita frustrações e agravamento dos sintomas.

Mais importante do que a marca ou o “melhor do mercado”, é entender se o seu intestino está pronto para receber esses micro-organismos.

''E se eu já usei e me senti pior?''

Isso é mais comum do que parece. Na maioria das vezes, não significa que você está condenada a nunca mais poder usar probióticos. Mas sim que o intestino não estava pronto naquele momento. Nesses casos, é necessário rever a ordem das fases, ajustar o plano alimentar, controlar a carga fermentativa e preparar o terreno antes de reintroduzir qualquer suplemento com ação biológica.

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